A galette des rois (o bolo de reis) é uma torta folheada recheada originalmente com creme de amêndoas, mas hoje já aceita dezenas de belíssimas interpretações.
Esta deliciosa torta é o primeiro cliché gastronômico do ano e é aguardada por todos os gourmets do país.
Faz parte de uma antiga tradição e não pode faltar na mesa dos franceses no dia 6 de Janeiro (se bem que ela é vendida e consumida durante o mês de Janeiro inteiro).
Mas você sabe qual é a sua origem? O que o fava que vem dentro da torta representa? Como surgiu este costume? As respostas de todas estas questões (menos da ultima) eu te darei neste post maravilhoso dedicado a Stefania, digo a Epifania !
Galette des Rois: Origem pagã e depois religiosa
A tradição da galette des Rois é hoje muito mais culinária do que religiosa. A história da galette remonta à antiguidade romana. Durante o festival pagão em homenagem ao deus Saturno (as Saturnálias, realizados no final de dezembro e início de janeiro), os romanos se elegiam um escravo para ser “Rei por um dia”.
A Saturnalia era de fato um festival de inversão de papéis. O escolhido poderia então pedir o que quisesse comer.
Esta época, que coincidia com o solstício de inverno, senhores e escravos estavam em pé de igualdade e todos comiam na mesma mesa. O escolhido poderia então pedir o que quisesse comer.
No final do século IV, a Igreja proibiu estas festas pagãs, mas as substituiu por uma celebração religiosa. A partir do século V, a Igreja deu considerável importância a esta tradição, que foi realizada no Dia da Epifania, 6 de janeiro. A Epifania (que vem da manifestação ou aparição grega) é uma festa cristã, é o dia em que se comemora a visita dos três magos, Melchior, Gaspard e Balthazar (que pelo que eu entendi, na verdade não eram reis, e sim, astrólogos muito sábios!.
A Galette des Rois e o costume de eleger um “rei”
Foram os monges de Besançon que, no século XIV, que criaram o hábito, em cada Epifania (6 de janeiro), de tirar à sorte colocando uma moeda em um pão, permitindo ao clero designar o “Rei dos Reis”. Embora a gula seja um pecado, em poucos anos, o pão foi substituíram por um brioche e o costume se espalhou por todo o reino. Mas, duarante a idade media, poucos eram aqueles que como o clero tinham moedas de ouro, logo, ela foi subistituida por outra coisa…
A fava, símbolo de fertilidade
A fava verde é um dos símbolos do solstício de inverno. É o primeiro vegetal que cresce na primavera. Acima de tudo, este vegetal, como o ovo, contém um embrião. Quando envelhece, ela dá vida. A fava é muito importante, especialmente entre os gregos – ele continha as almas dos mortos segundo os pitagóricos – e os romanos.
Seu tamanho também conta. A fava é um vegetal plano, nem muito grande – ele pode ser escondido – nem muito pequeno – pois não deve ser engolido. Além disso, dos ricos as pobres, todos, tinham em casa.
O “rei paga”
A eleição de um rei à Saturnália Romana (Festividades Invernais dedicas a Saturno onde era comum fazer sacrifícios e banquetes) . O costume do “rei da noite” tem registros já no século XIV, onde designar um rei” era comum já na Idade Média, no dia 5 de janeiro. Normalmente, quem encontrava a fava tinha que pagar a rodada para todos da mesa. Dizem que alguns engoliam a fava a fim de evitar o pagamento. Assim nasceu a fava de porcelana, para que o ‘rei’ tivesse medo de engoli-la”.
A Gallette des Rois x A Revolução Francesa
Você já entenderam que quem acha a fava é o rei da noite e como rei também ganha um coroa. Afinal a coroa é o simbulo da realeza. E já haviam coroas no século XV, feitas de chumbo e lata com os nomes dos Reis Magos e desenhos de flores de Lis. Mas eles não foram usados para “as bebidas do rei”. Durante a Revolução Francesa o costume da partilha da Galette continuou, mas sem fava e sem coroa ! Até o nome da Galette mudou virou Galette de la L’Égalité ou Galette da la Liberte, bem devidamente
A febre das favas
Em 1913, as tradicionais oficinas de porcelanas de Limoges começaram a produzir favas. No início eram em formas de bonecos, depois banhistas, depois bebês embalados, um sinal de fecundidade. Isto foi seguido por símbolos de sorte e animais. No início do século XX, um tal de Monsieur Lion lançou uma fava em forma de lua com o nome e endereço de seu negócio no verso, um verdedeira moda foi lançada!
A tradição pela França
Originalmente, a galette, redonda e plana, era feita de massa bastante pesada. Tornou-se mais leve e depois assumiu diferentes formas e receitas: massa folhada, meia massa folhada, a chamada “de plomb”, bâtarde, de Madri, Suíça, Bretanha, Normandia, derretida, de Périgord, salgada…
Conta a lenda que a receita mais conhecida de massa folhada de frangipane chegou na França através de Marie de Medici, a segunda esposa de Henrique IV. Ao sair da Itália, ela recebeu a receita de um creme com farinha de amêndoa, preparado pelo cozinheiro de seu pretendente mais próximo, o Conde Frangipani. A receita foi rapidamente adotada pela corte francesa.
Geralmente, no Norte, come-se o bolo de frangipane e no Sul, o brioche em forma de coroa. Na Provença, a massa de brioche é decorada com frutas cristalizadas e encontrada principalmente sob os nomes de pogne de Romans, fougasse e pompe de Provence. No sudoeste (Occitânia, Aquitânia…) chama-se de Limoux.
Você sabia que o Eu Como Sim da aulas particulares de cozinha?
Receita Galette des Rois (receita Simplificada)
2 folhas (rolos) de massa folheada, cortadas em circulos de 24 a 26cm
140 g de farinha de amêndoa (faça em casa sua farinha de amêndoas)
100 g de açúcar branco ou demerara
2 ovos
75 g de manteiga amolecida em temperatura ambiente
1 gema de ovo
1 fava (verde ou de porcelana)
Coloque uma massa folhada em uma forma de torta de 24 a 26 cm, pique a massa com um garfo.
Em uma tigela, misture a farinha de amêndoa, o açúcar, os 2 ovos e manteiga amolecida.
Coloque a esta mistura sobre a massa folhada na forma da torta e esconda a fava.
Cubra com a segunda massa folhada, colando bem as bordas com um pouco de aguá.
Se quiser faça desenhos com a ponta da faca na massa folhada que usou para cobrir e pincela a torta com a gema de ovo.
Asse por 20 a 30 minutos a 200°C, verifique o tempo de cozimento regularmente ela deve dourar mas não deixe ficar muito escura.
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